sábado, 10 de outubro de 2009

Tributo à beleza



Marcelo Becacici

          Platão já reconhecia a existência de coisas que são belas por si mesmas e que fornecem um prazer puro e contemplativo. Sócrates achava que o belo era fruto de uma necessária harmonia entre aquilo que se via e aquilo que se ouvia. Já Kant achava beleza apenas no que fosse natural.

          Na verdade, a beleza se manifesta em coisas livres do sentimento e pensamento humanos e deles não depende.

          Que mal pode haver em se cultuar o belo? Por que não se contemplar, por exemplo, a beleza feminina, maior inspiradora da arte e dos artistas, desde os tempos antigos?

          A Vitória de Samothrace, a Vênus de Milo, as pinturas egípcias, a surrealista Gala de Dali, a beleza suave da mulher na Primavera de Botticcelli, a mulher na poesia de Vinícius de Moraes e de Drummond. Obras maravilhosas, inspiradas por elas.

          Embora pareça para alguns, não é condição necessária do achar belo, a sensação de prazer ou de desejo. O belo é uma sensação subjetiva e desinteressada, não é determinado por nenhuma predisposição ou alguma intenção pessoal.

          Uma das melhores conceituações de beleza apresenta-a, apenas, como aquilo que é agradável à vista. O belo é despojado de qualquer interesse, não julga grandeza ou conhecimento. 

         Por ser meramente contemplativo o belo tem um alcance crítico limitado.

          O belo, enfim, não está alicerçado em conceitos nem tem, por finalidade, chegar até eles. O belo se basta! O belo se sustenta!  O belo arrebata!

          O belo só é belo!

          Simples assim... .

Um comentário:

  1. Bonito texto. Gosto particularmente do ode à beleza despretenciosa, sem conceito ou estereótipo.

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