segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Solidariedade, generosidade e justiça


Marcelo Becacici


A origem etimológica da palavra solidariedade diz que ser solidário é pertencer a um conjunto in sólido, isto é, para o todo. Assim, quando se diz que os devedores são solidários, cada um pode responder pela quantia tomada emprestada, por exemplo.


Um corpo sólido é um espaço onde todas as partes se sustentam, de tal sorte que tudo o que acontece com uma repercute na outra. Falar em solidariedade é falar de uma comunhão de interesses ou de destinos.


É realmente cristalina a nobreza desses sentimentos e deles como princípio. Porém cabe aqui uma sutil questão. Não teria a solidariedade o risco de propensão para o egoísmo?


Calma! Vejamos! Em março de 1964, grandes empresários e as Forças Armadas não foram menos solidários entre si do que os estudantes, operários e intelectuais brasileiros. Embora isso não condene nenhum dos lados, aflora uma questão moral no mínimo duvidosa ou suspeita.


Na verdade a solidariedade é a comunhão de interesses. Ao defender o outro, na verdade, nada mais faço do que de defender a mim mesmo. Nada existe de censurável nisso, porém trás forte vinculação ao interesse próprio.


Se luto pelo outro que é lesado, espoliado ou oprimido, estamos falando de justiça e não de solidariedade. Se esse outro ainda é indefeso ou fraco, trata-se aqui, de generosidade. Em suma, a solidariedade talvez seja demasiadamente interessada para ser virtuosa.


Não se deveria confundir solidariedade com igualdade e, muito menos, poder-se-ia compará-la com justiça ou generosidade.


Generosidade... Este sim soa como um princípio de fato! Virtude geral! Virtude absoluta! Lutar para todos! Lutar por todos!


Diz Comte: ”não é de solidariedade que a África e a América do Sul necessitam, mas de justiça e de generosidade!”

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