Marcelo Becacici
Porque será que alguém, dito truculento é quase sempre, indesejável nas relações inter-pessoais? Quem, na realidade, poderia garantir que uma pessoa agressiva e grosseira na forma de falar ou agir é, necessariamente, nociva ao crescimento de um grupo qualquer?
Esse tipo de rótulo é eficientemente utilizado no sentido de provocar a exclusão, pela desqualificação, de atores rivais em cenários onde exista, por exemplo, disputa por espaço.
A polidez, por sua vez, é um valor ambíguo e, insuficiente
O “canalha polido” nunca será uma fera. Não é um selvagem, nem será um bruto. É educado, civilizado e esbanja cortesia. Não pode errar e exagera nos cuidados. Mascara o cenário.
“A polidez, nem sempre é equivalente à bondade, à equidade, à complacência, à gratidão. Apenas, dá uma aparência disso e faz alguém por fora, como deveria ser por dentro”. (
Pensando bem, um grosseiro generoso é melhor do que um egoísta polido. Um homem honesto e descortês é melhor do que um crápula refinado. O fato é que em algumas pessoas a honestidade impõe ser desagradável, chocar e até trombar de frente.
Sinceramente, antes isso a ficar toda a vida como prisioneiro de suas boas maneiras, pouco transparentes, eternamente refém da polidez. Cuidado! O extremo da polidez pode ser a ausência de autenticidade.
Na verdade, “é melhor ser honesto demais para ser polido do que polido demais para ser honesto”. (Sponville)
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