domingo, 27 de setembro de 2009

Truculência, polidez e autenticidade.

Marcelo Becacici

Porque será que alguém, dito truculento é quase sempre, indesejável nas relações inter-pessoais? Quem, na realidade, poderia garantir que uma pessoa agressiva e grosseira na forma de falar ou agir é, necessariamente, nociva ao crescimento de um grupo qualquer?

Esse tipo de rótulo é eficientemente utilizado no sentido de provocar a exclusão, pela desqualificação, de atores rivais em cenários onde exista, por exemplo, disputa por espaço.

A polidez, por sua vez, é um valor ambíguo e, insuficiente em si. Pode encobrir tanto o melhor como o pior. Pelo ponto de vista ético a polidez exagerada é abominável.

O “canalha polido” nunca será uma fera. Não é um selvagem, nem será um bruto. É educado, civilizado e esbanja cortesia. Não pode errar e exagera nos cuidados. Mascara o cenário.

“A polidez, nem sempre é equivalente à bondade, à equidade, à complacência, à gratidão. Apenas, dá uma aparência disso e faz alguém por fora, como deveria ser por dentro”. (La Bruyere)

Pensando bem, um grosseiro generoso é melhor do que um egoísta polido. Um homem honesto e descortês é melhor do que um crápula refinado. O fato é que em algumas pessoas a honestidade impõe ser desagradável, chocar e até trombar de frente.

Sinceramente, antes isso a ficar toda a vida como prisioneiro de suas boas maneiras, pouco transparentes, eternamente refém da polidez. Cuidado! O extremo da polidez pode ser a ausência de autenticidade.

Na verdade, “é melhor ser honesto demais para ser polido do que polido demais para ser honesto”. (Sponville)

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